terça-feira, 28 de outubro de 2008

Antepassados na Grande Guerra


Jaime Borronha, o meu tetravô, tinha apenas 21 anos quando foi para a Grande Guerra. Esteve na Flandres, integrado no Corpo Expedicionário Português, a lutar pelos Aliados.
Quando o inimigo atacava, escondiam-se nas trincheiras, onde passavam a maior parte do tempo. As trincheiras eram escavações abaixo do solo, que nunca eram feitas em linha recta, de modo que um soldado nunca via mais de 10 metros de trincheira, para, no caso de uma invasão, o inimigo nunca poderia fazer tiro a longas distâncias e, se fossem atingidos por granadas, os seus estilhaços teriam menor alcance.
Permaneciam nas trincheiras dias, semanas ou meses, sem comer, nem beber. Quando se alimentavam, comiam ração de combate (alimentos enlatados) e, por vezes, o único líquido que ingeriam, era a sua própria urina.
Quando podiam dormir, iam para abrigos subterrâneos, nos quais andavam sobre a lama, onde se encontravam os seus valores pessoais.
Durante um assalto, Jaime Borronha foi tornado prisioneiro, pelos alemães, que eram o inimigo “número um” dos Aliados. Esteve preso alguns meses, mas conseguiu fugir, com ajuda de outros camaradas portugueses.
Regressou a Portugal e, quando pensou já ter acabado o pesadelo da guerra, começaram a surgir doenças, muitas das quais, causadoras da sua morte. Veio a falecer em 1986, com 88 anos, num estado crítico.
Dados recolhidos junto do meu avô materno.

Ana Rafaela